Mais um dia
típico de verão. O calor insuportável. E lá vai Francisco, com uma mochila nas
costas e de calças jeans, mencionarei que estava com uma camiseta básica –
porém, preta – o que o fazia sentir mais calor do que estava. É, era um dia
bonito devo confessar...
Parado
esperando o sinal fechar para atravessar refletiu sobre o quão recente era sua
cidade e quantas pessoas já haviam passado por ali. Imaginou pessoas com
carroças, com roupas simples... Depois voou e imaginou algumas cortesãs... Mais
um pouco e imaginou inúmeros drogados... Imaginou famílias felizes passeando...
E sua mente virou um pouco de tudo. Com o sinal ainda fechado decidiu
prosseguir pela calçada que estava afinal logo a frente haveria outro sinal...
Sempre há vários sinais em cidades grandes, e do vermelho pro verde passam num
picar de olhos a critica do Francisco era essa, que passavam tão rápidos que às
vezes ele nem via o sinal abrir para pedestres...
Francisco
observava atentamente desde que era garoto, todas as pessoas e os edifícios, as
casas antigas e os shoppings... Francisco gostava de viver observando. Ao
caminhar todos os dias, para se manter vivo – e realmente se mantendo, pois
estava atento. Aos 87 anos, ele possui uma alegria gigante e um senso de humor
invejável. Acho que ele era feliz. Sim, era.
Nesse dia,
Francisco não percebeu que o sinal fechou, e seus passos eram lentos, nesse dia
não haveria ninguém para ajudá-lo, estava só. No meio de uma grande avenida...
Já era de se esperar. Um carro passou... E por ironia do destino não o atropelou e ele se assustou. E tanta era sua falta de sorte, que nesse momento acabara tendo um
infarto do miocárdio. Parece uma dessas histórias que lemos todos os dias em
páginas de jornal, mas o fato é que ele não havia sido atropelado como está nas
capas...
Agora
Francisco estava em uma maca, a caminho do hospital... Aquela sirene que
costumava ensurdecê-lo. E dessa vez nem pode ouvi-la. Seus suspiros pararam
próximos a calçada, quando ainda estava caído no asfalto. Sua vida, incrível vida, simplesmente acabara.
Nesse
momento todos os parentes, próximos ou não, que ele possuía resolveram
aparecer. Já não adiantava. Seus netos, bisnetos. Todos queriam poder ter a
oportunidade de ver a alegria espontânea de Francisco pela última vez. O que
não sabem é que, Francisco, foi feliz até o último segundo de sua vida. E que
apesar das saudades que iriam sentir, já não fazia diferença, pois Francisco já
não estava mais ali... Qual o motivo de a família só aparecer para visitá-lo
depois que ele faleceu? Ah, é. Eles iriam sentir falta... Mas sentiriam falta de alguém de quem não
estavam perto quando houve um acidente, fatal. Grande exemplo de família.
Grande exemplo de família, seu Chico. Só você que era importante pra mim de
todos eles, pois você era o único feliz, o único que sabia ser você mesmo.
Feliz
aniversário de 88 anos, o céu aguarda por ti.
Francisco nasceu dia 23/02/2013 às 15h e morreu dia 23/02/2013 às 15h 17 minutos.
Puxa! Que triste!
ResponderExcluirOlha que coincidência. Eu já usei esta foto em um dos meus posts.
Só que eu a reduzi.
Co-incidências da vida...
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