Pular para o conteúdo principal

Tchau, beijo. A gente se vê!


 Apenas mais uma despedida. Entre tantas que acontecem na vida. Aqueles "até logo", " a gente se vê", "tchau, beijo", ou aqueles de "boa noite, dorme bem". Seja qual for. Para alguns são despedidas e encontros diários, para outros encontros inesperados e despedidas forçadas. Todas as despedidas deixam saudade, claro que cada uma a sua maneira. 
 Posso me despedir de um ano, de um mês, de um namorado. Posso dar adeus a uma cidade, uma paisagem, uma viagem. Posso simplesmente aceitar o passado. Ah... Quem me dera conseguir.
 Acredito que despedidas são dolorosas. Sou muito apegada ao que acredito, seja ele o presente, ou o passado (ou até um futuro que eu tenha imaginado). É ruim dar adeus à um livro que acabei, enfim, de ler. É ruim terminar um relacionamento quando um dos dois (ou os dois) ainda sente a mesma paixão que fez a relação começar. É ruim isso de despedidas. É ruim trocar de cidade. É ruim dar adeus a velhas amizades. É ruim saber que ficaremos dias sem nos falar. Contudo, talvez, eu goste até da saudade... Essa mania que temos de sentir falta do que, algum dia, gostamos.
 Eu considero que saudade seja uma coisa boa. Até mesmo para os meus antigos relacionamentos, que eu sei que não voltarão, mas que eu sinto falta. Não tenho como descrever cada término. Cometi alguns erros, me despedi de relacionamentos de maneira incorreta. Restart. ----- recomeçar. Dos tantos, ou dos tão poucos, o que mais me dá saudade são as conversas. Vai entender, talvez eu escute demais, aprenda demais com os outros. Talvez, seja apenas mais uma saudade de uma vaga despedida. 
 A gente costuma aceitar a ida do ano, e até comemoramos a chegada de um novo ano. Porém não eu. Eu chego no próximo ano, tentando entender quem fui no anterior, e como se não fosse possível, queria não me despedir da antiga eu que ainda existe em minha memória. Feliz ano novo, ainda assim. 
 A gente vai mudando, recomeçando, encontrando novas definições para nós mesmos, e outras se vão, saem de fininho sem se despedir. Ei! Eu também sinto falta das coisas que se foram dessa forma, de fininho, sem eu perceber... das coisas que eu deixei para trás, como quando eu era criança e tinha que dar para alguém que precisasse uma das minhas bonecas preferidas... ou quando minha mãe pegava algum short que eu considerava minha roupa favorita e doava para alguém. 
 Talvez, esses, que saíram sem dizer tchau sejam os que eu guardo na memória com mais carinho. Talvez por tão ter existido dor, não que esta seja amiga ou inimiga... Eu tenho saudade, ainda que de uma forma diferente, das pessoas que se foram da minha vida e que eu sofri, poucos raros casos de coisas assim que aconteceram. A distância talvez seja a causa mais normal dessas despedidas. Quando me mudei, ficaram na cidade que larguei várias lembranças, e ainda quando lá volto surgem saudades porém nada é como antes. Tem lembranças que estão registradas nos meus textos, e que sempre quando releio me vem coisas à mente. A música é uma outra fonte de lembranças, perfumes momentos. Tem lembrança que me traz paz, outras me trazem orgulho, outras vontade de viver e refazer tudo da mesma forma, no fim tudo não passa de saudade. Não passa de saudade do que já passou.
 Aos poucos eu também fui abandonando umas coisas, e até umas pessoas por um objetivo maior, e agora conquistado, só quero fazer com que volte o passado. Impossível. Mudei, como eles também mudaram. Contudo, como aquela velha frase "os amigos continuam amigos, mesmo quando compartilham apenas as mesmas lembranças.". Tenho revido amigos, não de revidar, mas de rever. Conversando e tentando continuar sendo amiga deles mesmo depois de tanto tempo distante. Estanhamente, tem dado certo. Não compartilhamos mais tantos segredos ou tantos conselhos, mas ainda as mesmas risadas, as mesmas energias, a mesma alegria ao estar junto. E depois de tantos "vamos marcar algo!", eu finalmente recomecei a marcar as coisas. Recomecei amizades que, antes, eu acreditava ter me despedido para sempre. 
 Há também aquelas relações que já não existem mais, porém que não tem despedidas. Essas que acabam e que ainda queremos continuar levando a diante, como se fosse produtivo ou como se não fosse doloroso. Não que a dor seja tristeza, ou talvez seja mesmo. Talvez a dor do estar sozinho de novo seja incomparável. 
 Contudo, a sensação do recomeçar é, também, dolorosa. Quando acho que não vai aparecer ninguém para estar comigo, para eu dividir choros, abraços, cativar, para contar histórias, dividir meu dia e para viver comigo, para estudar, tirar dúvidas, revisar qualquer coisa que seja, para me escutar e tentar entender mesmo que não saiba nem por onde se passa o que estou tentando explicar. Aquela leve sensação de que nunca vou encontrar ninguém novamente, de que não vou fazer mais amizades, de solidão. Ai de repente...Talvez... Eu me veja com novos amigos.
 Lembranças. Saudades. Despedidas. Acho que está tudo entrelaçado. 
 E aqui me despeço dessa, tentativa de, crônica. 
 Tchau, beijo. A gente se vê!  

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Eu amo você, você ama a mim.

Eu vejo o quanto eu gosto de você em cada riso que você me causa, em cada paz que você me provoca. Eu gosto da sua risada esquisita, afinal, nenhuma risada é normal, mas a sua transmite-me amor... E eu detesto quando você morde a ponta do meu nariz, tenho uma vontade louca de te bater, e te morder até machucar, pra dor que você me fez sentir, passar.   Eu sei.  Eu sei que gosto de você, quando você me acorda em pleno sábado às 15:30 da tarde, ou quando fica acordado comigo até às 3 da manhã para eu não estudar sozinha; ou ainda quando me escuta ler sobre antibióticos, quando o que eu mais quero é dormir, só pra não me deixar desistir de farmacologia...  Eu sei.  Eu sei que gosto de você, quando tento ser uma pessoa melhor ao seu lado, e mais ainda quando você consegue que eu seja.   Eu sei.  Eu sei que gosto de você, quando em plena semana de provas, numa quinta-feira, largo tudo pra ir com você assistir um filme baseado em um jogo que você gosta; aliás, quando eu vou

E todo amor tem seu fim...

 Começar um texto logo após pensar no título, e que título, não é muito meu estilo, eu rabisco 30 vezes antes de saber se gostei... Só que convenhamos, esse texto deveria apenas ter um fim.  Todo amor começa quando duas pessoas se conhecem, se suportam, são apoio, são companheiras, e depois que toda a fase de paixão passa, elas ainda querem ficar juntas.  Só que quando é que um amor acaba? Se é que acaba...  Dizem que amor de verdade não tem fim, que é eterno, que ultrapassa sentidos, momentos e dimensões.  Não sei se concordo, se discordo. Porém, lidar com pessoas nos mostra, libera, compartilha, outros pontos de vistas e outras experiências que talvez jamais teria.   Seu Getúlio tem seus 87 anos e está viúvo há apenas um, sua filha contou que depois que sua esposa Geraldina se foi ele nunca mais foi o mesmo. Seu Getúlio tem uma coleção imensa de apontadores de diversos modelos, em quadros feitos para isso. Dona Geraldina costumava colecionar corujas, até da China, tem t

E estou a procura de mim

E. S. T. O. U. P. E. R. D. I. D. A.   E estou a procura de mim.  Escuto músicas, leio textos, busco... Talvez elas, as palavras, se misturem e formem poesias, mas não existe nenhuma a qual eu me encontro agora. Eu só me encontro aqui. Dentro de mim.   Dentro de mim. Aqui dentro, sou uma mistura de sentimentos e de não sentir. De ser e não saber. De saber e talvez, não ser. Eu sou uma mistura de dúvidas e quase nenhuma, raras certezas.    Estou onde eu sempre quis estar, fazendo o que sempre quis fazer. E me sinto confusa. Abdico de coisas que sempre gostei de fazer, coisas que sempre fiz. Abdico de mim mesma pelas minhas próprias escolhas. Abdico porque eu quis estar aqui, porque eu me cobro estar aqui.  Eu não sei o que estou fazendo. E sei. Eu entendo. E não entendo no mesmo segundo.  E. S. T. O. U. P. E. R. D. I. D. A.   E estou a procura de mim.   Afinal, quem eu sou? Quem sou eu? Quem fui? Quem serei?  Eu não entendo. E entendo no mesmo segundo.  Eu quero abraça