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Deixar partir


 Eu sinto sua falta, mas não sinto falta de quem você se tornou. Eu sinto falta do seu olhar quando me fazia me sentir a pessoa mais especial e única do universo inteiro, não do seu olhar apenas gentil de agora. Eu não sinto falta de você pra fazer meu almoço, mas da conversa que a gente tinha enquanto ficávamos naquela pequena cozinha. Eu sinto falta até do ciúmes que me arrependo de sentir todos os dias, aquele ciúmes maluco que não conseguia definir ou achar explicação. Sinto falta de quem você era e de quem eu me tornava com o antigo você.
 Não posso negar que eu ainda gosto de você... e nem negar como eu gostaria de não gostar. Eu gosto de você exatamente por tudo que passamos, gosto por quem você conseguia me fazer ser e sentir. 
 Sempre quis encontrar alguém, para me sentir como nos filmes, no meu maravilhoso mundo encantado. E encontrei, justamente quando eu estava feliz por não encontrar... e eu fiz o que pude pra não me apegar. A cada dia era uma indecisão maior, de tentar algo com você ou não, porque nunca brinquei de namorar. 
 A gente sempre quer encontrar alguém, e quando encontramos a sensação de plenitude e felicidade é imensurável. E então, somos felizes. Só que temos que nos lembrar diariamente, que momento passam e que as pessoas mudam. A vida exige que nós continuemos e nesse caminho tomamos decisões que aos poucos nos moldam e nos fazem bem ou mal, mas nos fazem.
 Quem um dia eu amei, não existe mais. Quem um dia te amou, não existe também. 
 Obrigada por ter me ensinado muitas coisas e por todos os momentos felizes, não quero te odiar, mas não quero sentir carinho por você. 
Quando a gente ama, não se sabe definir, mas se é amor de verdade, temos que deixar partir.

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